O nome um tanto singelo – Casa A Eléctrica – escorava aquela que, na verdade, era uma saga ambiciosa: uma fábrica de discos planos, feitos de cera, instalada na Porto Alegre de 1913, e que chegou a registrar não apenas a música feita no Rio Grande do Sul, mas também artistas de São Paulo, de Montevidéu e de Buenos Aires. Foi de um pioneirismo indiscutível: na época, era a segunda indústria do ramo na América do Sul, a quarta no mundo. A outra fábrica sul-americana ficava no Rio de Janeiro. Havia ainda uma na Alemanha e outra nos Estados Unidos: eis aí o quarteto fundador da fabricação de discos planos na história.
A maior parte dos nomes que formaram o elenco da gravadora perderam-se no pó dos tempos, embora fossem notáveis em sua época. Alguns, porém, vinham do exterior e hoje fazem parte da história dos grandes da música popular, como Francisco Canaro e a dupla Razzano e Gardel.

A Eléctrica registrou pelo menos 4.500 gravações, em que as estrelas da época interpretavam valsas, habaneras, polcas, modinhas, fados, tangos – além de hinos nacionais e, singularidades únicas, também ficaram gravados alguns discursos de grandes políticos daqueles tempos.
Temos, agora, além de um livro que conta a história das gravações musicais no sul do país, três CDs, com registros raros e únicos. Assim, nos traz uma história de fundadores, de pioneiros – e que está diretamente ligada à memória da nossa música.
Este projeto conta com o apoio da Petrobras, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e teve a pesquisa e o texto realizados por Hardy Vedana, a redação, edição e revisão final por Gilmar Eitelwein, a recuperação, remasterização e edição dos discos por Marcos Abreu, o projeto gráfico por Vitor Hugo Turuga e a coordenação geral por Márcio Gobatto.

Nas imagens, temos Savério Leonetti jovem, a Oficina de discos da Casa A Eléctrica na Av. Sergipe e um dos rótulos dos Discos Gaúcho.