Atualmente, Haydée Guedes trabalha na produção de seu primeiro CD, intitulado “Sorria”, pesquisando repertório e fazendo contatos com os compositores gaúchos da MPB, Samba, Swingue e Jazz. Entre eles, Zé Caradípia, Jerônimo Jardim, Wilson Ney, Bedeu, Delma Gonçalves, Nego Izolino, Moisés Machado, Luis Vagner, Adilson Rodrigueiro, Carlinhos Santos e Rosa Franco.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Haydée Guedes no Foyer do Theatro São Pedro
Atualmente, Haydée Guedes trabalha na produção de seu primeiro CD, intitulado “Sorria”, pesquisando repertório e fazendo contatos com os compositores gaúchos da MPB, Samba, Swingue e Jazz. Entre eles, Zé Caradípia, Jerônimo Jardim, Wilson Ney, Bedeu, Delma Gonçalves, Nego Izolino, Moisés Machado, Luis Vagner, Adilson Rodrigueiro, Carlinhos Santos e Rosa Franco.
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Um comentário:
A vontade de Haydée Guedes de gravar seu primeiro CD demonstra que esta é a sina da cantora: não deixar morrer a alegria e o prazer provocados pela música e pelo samba. Ouvir Haydée evoca uma Porto Alegre sorridente e sambista, um modo de ser da cidade, localizado em territórios específicos, que a artista conhece e reconhece à exaustão. Haydée Guedes, cantora da noite, é proveniente destas localizações e, sobretudo, destes estados de espírito. Daí o título do trabalho: “Sorria”. O samba é um estado de glória. Em um sentido próximo a este, a conquista para Haydée de finalmente colocar sua voz em um disco totalmente próprio também é um estado de glória.
O samba sempre chora uma tristeza, para convertê-la em alegria. Pode-se dizer que Haydée sai do povo e que, mais do que isso, tem a pele escura típica deste mesmo povo. Haverá uma cor para a música, uma tonalidade racial? Várias vezes, na cultura brasileira, o negro e o samba foram e são desvalorizados. Importa entender que o ressoar da voz dos excluídos nem sempre resulta em reconhecimento. Neste sentido, o disco proposto por Haydée Guedes executa um duplo movimento.
O primeiro deles é que a cantora pretende projetar sua carreira e vencer a difícil condição do artista que precisa muitas vezes sacrificar sua própria arte porque suas condições de vida assim determinam. Haydée acumula 15 anos de trajetória artística, vividos na “noite” de Porto Alegre. Mas, neste percurso, sempre dividiu seu empenho entre os palcos e a atividade profissional que lhe dá efetivo sustento financeiro (a enfermagem). Ter chegado à aposentadoria, agora, representa um divisor de águas, que coloca a cantora no caminho de canalizar energias para realizar-se plenamente como artista. Dentro disso, chegar à gravação de um CD próprio é um impulso imprescindível, devendo estimular a ambientação da intérprete no mercado musical (além do Rio Grande Sul, especialmente Porto Alegre, Haydée já procurou levar seu trabalho para São Paulo, Bahia e Brasília).
O segundo movimento do projeto do CD “Sorria”, em relação a esta idéia de inclusão, refere-se ao fato de que Haydée não quer sair apenas ela própria do anonimato, mas também jogar luzes sobre mais de uma dezena de compositores gaúchos, boa parte deles ainda distantes de algum tipo de reconhecimento e registro, como Nego Izolino, Joaquim Lucena, Gê, Paulinho Carioca, Moisés Machado, Adilson Rodrigueiro, Delma Gonçalves, Carlinhos Santos e Rosa Franco. Outros que integram a lista, são já gravados e nem tão anônimos, mas nem sempre encontram-se acudidos pela lembrança que de fato merecem, como Jerônimo Jardim, Zé Caradípia, Wilson Ney, Bedeu e Luis Vagner. A direção musical e os arranjos para este conjunto de composições cuidadosamente selecionadas pela intérprete ficarão a cargo do experiente Paulinho Bracht (que tem em seu currículo o trabalho com nomes como Enzo e Rodrigo, Daniel Torres e Mario Barbará). A produção executiva correrá por conta de Márcio Gobatto.
Estes músicos e poetas, compositores a que Haydée recorre, pode-se dizer que são fonte de sonhos na voz da cantora. O mais adulto samba brota das interpretações, no sentido de uma mais definitiva alegoria para sentimentos como a saudade e a incompreensão. O valor do repertório providenciado por Haydée, desta forma, é a um só tempo artístico e político, porque representa um modo de fazer ouvir o que comumente não encontra canais de divulgação.
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